Na última sexta-feira o mundo voltou os olhos para Michael Jackson, mas não era um anúncio de alguma polêmica judicial, uma música ou de um grande show. Era o anúncio de que o maior astro da música pop havia morrido.
Garanto que quem era fã ou não demorou para acreditar na notícia que acabara de ouvir, por mais que Michael Jackson não estivesse na ativa a alguns anos.
Sei que quem não apreciava o seu talento, deve ter ficado impaciente em ter acompanhado neste último final de semana vários programas e artistas falando sobre o cantor. Mas te digo, foi pouco, imagine se ele estivesse bem de saúde como a 10 ou 15 anos atrás.
O que estou realmente convicto é que poucas pessoas conheciam Michael Jackson. Nesse mundo em que julgar é a opção mais adequada para falar de alguém, ficou visível para mim que nestes 45 anos de sucesso o que pesou foi o cantor pedófilo, o que adorava esbanjar dinheiro, o endividado.
Até o seu bendito pai se é que posso chamar uma criatura de pai como o senhor Joe Jackson, disse neste último domingo que não achava que a morte do filho traria tanta comoção em todo mundo. Hunf....francamente!
Bom, também me baseio naquilo que pude acompanhar de sua carreira através de seus shows, entrevistas, livros, documentários e etc. As mesmas mídias que você também pode ter acesso eu tive. Mas não o julgo e mancho sua carreira por acusações que até hoje não foram provadas, fatos que tiveram um fim muito mal explicado. Um levantamento de acusações que mais tiveram a intenção de lucrar dinheiro nas costas do cantor.
Fiquei chateado com a morte de Michael Jackson, passei a admirá-lo e acompanha-lo por causa de minha mãe e tios que gostavam do cantor.
Infelizmente não peguei a época de ouro do cantor, mas o final da década de 80 e início da de 90 foi o suficiente para ter idéia da tamanha grandeza de seu talento e de sua pessoa.
Creio que foi uma grande perda não só para música, mas ele como cantor, compositor, ator, dançarino, publicitário, escritor, produtor, diretor, poeta, instrumentista, ilusionista e empresário. Foi a morte de um “Elvis Presley” que não acompanhei em 1978.
Não estou aqui para defender Michael Jackson, acho que cada um tem sua opinião e acredita naquilo que quer.
Fica aqui a homenagem a uma pessoa que no mundo do dinheiro, foi uma das únicas que mais se preocupou com as crianças (sua fonte de inspiração), com a fome, com a pobreza no continente africano e com todos outros problemas sociais que o mundo convive, sempre destinando boa parte do seu lucro para ajudar os outros.
A quem era espancado e humilhado pelo “pai” quando criança, teve a hombridade em mostrar a todos que ele um dia iria crescer e ser reconhecido mundialmente com uma humildade fantástica.
Que essas boas atitudes solidárias e sua humildade seja sempre um exemplo para todos nós e para toda vida!
segunda-feira, 29 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Muricy Ramalho, o vizinho do 74
Por José Trajano – Diretor de Jornalismo da TV ESPN Brasil – 22/06/2009
Somos vizinhos há mais de dez anos. E raramente nos vemos no condomínio. Moramos em prédios diferentes, e jamais fora a seu apartamento. Nossos filhos, porém, são amigos. Jogam bola e participam de torneios de videogame no salão de festas. Na noite de sexta-feira, o vizinho do 74 era o nome mais falado da cidade. Todos os telejornais e sites divulgavam com alarde que ele havia sido demitido do emprego. Um emprego e tanto! E, então, decidi visitá-lo.
Resolvi interfonar para não usar a prerrogativa de ser vizinho. Ele não estava, mas deixei recado com sua mulher que se chegasse e estivesse disposto a conversar, me telefonasse. Poucos minutos depois, ele ligou e pediu que fosse até lá. No caminho, fiquei pensando que deveria estar cercado de gente, de amigos, ex-companheiros de clube ou coisa parecida.
Qual não foi a minha surpresa quando me recebeu com a porta já aberta e sozinho na sala.
Ao contrário do que imaginava, estava tranquilo e sereno. Sem nenhuma ponta de mágoa, rancor, bronca. Parecia ter tirado um peso das costas. Seu rosto revelava a certeza de que havia saído de cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido. Fora o momento que se queixou de Cuca, por ter ligado ao presidente Juvenal para pedir conselho se deveria sair ou continuar no Flamengo, atitude que ele enxergou como falta de ética, o vizinho conversou sobre tudo com muita tranquilidade.
Para ele, a diretoria anda mais preocupada com o Morumbi do que com o time. Os cartolas só pensam no estádio, na Copa do Mundo de 2014, e os problemas do time ficaram em segundo plano. E havia problemas no elenco. Falta de parceria, disse. Que eu entendi como ciumeira de alguns jogadores com os novos que chegaram este ano. Sem levantar a voz ou tentar se desculpar pelos maus resultados, o vizinho lamentou não ter conseguido Conca como reforço. “Ele esteve duas vezes aqui, mas o negócio não vingou”, disse. Um bom meia de ligação teria feito o time jogar diferente, com mais liga entre a defesa e o ataque, sem precisar jogar à base de lançamentos longos para o setor ofensivo.
O vizinho desconfiava que, mais cedo ou mais tarde, a demissão iria acontecer, porque ele não tem o jeitão que alguns dirigentes imaginam para um técnico do São Paulo. Não é de frequentar bons restaurantes para fazer companhia aos cartolas, não gosta de interferências na contratação de reforços e acredita até que a maneira de se vestir deixava essa turma incomodada. “É o meu jeito, simples, sem frescura, sem afetação, que as vezes eles não gostam.”Toquei na decisão que tomamos em não mais ouvi-lo depois de uma entrevista que achei grosseira . Ele disse que não guardou mágoa e que somos meio parecidos na defesa de quem trabalha com a gente. Até os filhos brincaram com ele, achando que andava meio rabugento.
Já era de madrugada quando fui embora. Um pouquinho antes de sair, chegaram Pi e Fabinho, dois de seus três filhos. O vizinho me contou que o Pi (sou testemunha que joga muita bola) voltou muito irritado do Morumbi depois da derrota para o Cruzeiro e prometeu não torcer mais pelo São Paulo. O vizinho discordou do filho e disse que não podia abrir mão de sua paixão, que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.Voltei para casa com a impressão de que meu vizinho é mesmo aquilo que diz. Gosta de ficar em casa, em companhia da família, dos cachorrinhos que leva sempre para passear, de lavar louça para passar a ansiedade e de ir ao sítio em Ibiúna para descansar. É um cara simples, um trabalhador do esporte. Sem banca, sem arrogância, não tem nada de “professor”.
Ele sabe que foi a derrota da arquibancada para a numerada. Mas sabe também que saiu por cima. A torcida gritou seu nome a todo instante, e isso ele não esquecerá nunca. Quer dar uma parada, já jogou no lixo tempos atrás uma proposta milionária do Catar, mas não creio que fique parado por muito tempo. Continuo achando que precisa ter mais educação nas entrevistas, após uma partida, mas me conquistou pela sinceridade e autenticidade.
É um bom sujeito o vizinho do 74. Boa sorte para ele.
***
Fonte: www.espn.com.br/josetrajano
Somos vizinhos há mais de dez anos. E raramente nos vemos no condomínio. Moramos em prédios diferentes, e jamais fora a seu apartamento. Nossos filhos, porém, são amigos. Jogam bola e participam de torneios de videogame no salão de festas. Na noite de sexta-feira, o vizinho do 74 era o nome mais falado da cidade. Todos os telejornais e sites divulgavam com alarde que ele havia sido demitido do emprego. Um emprego e tanto! E, então, decidi visitá-lo.
Resolvi interfonar para não usar a prerrogativa de ser vizinho. Ele não estava, mas deixei recado com sua mulher que se chegasse e estivesse disposto a conversar, me telefonasse. Poucos minutos depois, ele ligou e pediu que fosse até lá. No caminho, fiquei pensando que deveria estar cercado de gente, de amigos, ex-companheiros de clube ou coisa parecida.
Qual não foi a minha surpresa quando me recebeu com a porta já aberta e sozinho na sala.
Ao contrário do que imaginava, estava tranquilo e sereno. Sem nenhuma ponta de mágoa, rancor, bronca. Parecia ter tirado um peso das costas. Seu rosto revelava a certeza de que havia saído de cabeça erguida e com a sensação do dever cumprido. Fora o momento que se queixou de Cuca, por ter ligado ao presidente Juvenal para pedir conselho se deveria sair ou continuar no Flamengo, atitude que ele enxergou como falta de ética, o vizinho conversou sobre tudo com muita tranquilidade.
Para ele, a diretoria anda mais preocupada com o Morumbi do que com o time. Os cartolas só pensam no estádio, na Copa do Mundo de 2014, e os problemas do time ficaram em segundo plano. E havia problemas no elenco. Falta de parceria, disse. Que eu entendi como ciumeira de alguns jogadores com os novos que chegaram este ano. Sem levantar a voz ou tentar se desculpar pelos maus resultados, o vizinho lamentou não ter conseguido Conca como reforço. “Ele esteve duas vezes aqui, mas o negócio não vingou”, disse. Um bom meia de ligação teria feito o time jogar diferente, com mais liga entre a defesa e o ataque, sem precisar jogar à base de lançamentos longos para o setor ofensivo.
O vizinho desconfiava que, mais cedo ou mais tarde, a demissão iria acontecer, porque ele não tem o jeitão que alguns dirigentes imaginam para um técnico do São Paulo. Não é de frequentar bons restaurantes para fazer companhia aos cartolas, não gosta de interferências na contratação de reforços e acredita até que a maneira de se vestir deixava essa turma incomodada. “É o meu jeito, simples, sem frescura, sem afetação, que as vezes eles não gostam.”Toquei na decisão que tomamos em não mais ouvi-lo depois de uma entrevista que achei grosseira . Ele disse que não guardou mágoa e que somos meio parecidos na defesa de quem trabalha com a gente. Até os filhos brincaram com ele, achando que andava meio rabugento.
Já era de madrugada quando fui embora. Um pouquinho antes de sair, chegaram Pi e Fabinho, dois de seus três filhos. O vizinho me contou que o Pi (sou testemunha que joga muita bola) voltou muito irritado do Morumbi depois da derrota para o Cruzeiro e prometeu não torcer mais pelo São Paulo. O vizinho discordou do filho e disse que não podia abrir mão de sua paixão, que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.Voltei para casa com a impressão de que meu vizinho é mesmo aquilo que diz. Gosta de ficar em casa, em companhia da família, dos cachorrinhos que leva sempre para passear, de lavar louça para passar a ansiedade e de ir ao sítio em Ibiúna para descansar. É um cara simples, um trabalhador do esporte. Sem banca, sem arrogância, não tem nada de “professor”.
Ele sabe que foi a derrota da arquibancada para a numerada. Mas sabe também que saiu por cima. A torcida gritou seu nome a todo instante, e isso ele não esquecerá nunca. Quer dar uma parada, já jogou no lixo tempos atrás uma proposta milionária do Catar, mas não creio que fique parado por muito tempo. Continuo achando que precisa ter mais educação nas entrevistas, após uma partida, mas me conquistou pela sinceridade e autenticidade.
É um bom sujeito o vizinho do 74. Boa sorte para ele.
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Fonte: www.espn.com.br/josetrajano
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